Eu sempre gostei de ler o Antigo Testamento.
A ideia de uma promessa que você é chamado a acreditar sem nenhuma garantia de cumprimento me encantava de uma forma misteriosa. É um pôr-se a caminho animado pela simples confiança na voz que lhe fala.
Há dez anos eu saí de Criciúma com esse espírito para estudar direito na UFSC.
Conclui o curso, comecei a advogar.
Nos primeiros anos de advocacia, tive a alegria de participar do movimento Emaús.
No movimento, leituras e conversas animadas com amigos me permitiram refletir como a revelação de Deus se reveste de um conteúdo jurídico bastante robusto.
Para mim, é interessante pensar que, logo depois de criar a humanidade, Deus editou uma lei (não comerás o fruto). Talvez seja próprio da condição humana viver sob uma lei. Eu confesso, não sei.
De qualquer forma, é fato que essa grande jornada humana em busca de redenção começa com um crime terrível. A humanidade se torna ré de um processo que tem Deus por juiz. Nesse cenário, não parece má ideia ter um defensor.
É a partir dessa ideia que gosto de pensar a advocacia. Estar ao lado dos caídos e
errados, dos sozinhos e esquecidos, daqueles que perdem sua alegria e seu sono com
problemas, reconhecendo que todos nós erramos. Uns mais outros menos.
Através da advocacia eu tento melhorar como ser humano, afastando-me dos julgamentos apressados. Qualquer punição é terrível para aquele que a recebe de maneira injusta.
Enfim, a advocacia me mostra que nossas certezas acerca do erro alheio são frágeis, e,
por vezes, equivocadas. É paradoxal pensar que uma humanidade caída possa ser mais
dura em seus julgamentos do que o próprio Deus.
O advogar diário mudou minhas orações: hoje eu peço mais misericórdia do que justiça.
Guilherme Formanski
Filho do Jorge e da Silvana.
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